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26/05/2015

Entrevista Exclusiva - Christiane Matallo


Hoje é o Dia Internacional do Sapateado e em comemoração a esta data fizemos uma Entrevista exclusiva com a Christiane Matallo, uma das maiores sapateadoras do país, é a única artista mulher que sapateia e toca sax tenor simultaneamente no mundo.


Você é uma artista multifacetada, como cada uma dessas vertentes artísticas foram surgindo em sua vida?

Eu fui alfabetizada numa escola infantil chamar Jardim Encantado das Artes em Campinas desde 2 anos e meio. Os proprietários Letícia Urban e maestro Oswaldo Urban tinham uma visão ampla em relação às artes desde aquela época ( década de 70).
Foi onde eu iniciei contato com a dança, música, teatro e poesia. Cantava na bandinha, tocava reco-reco e outros instrumentos de percussão. Aos 5 comecei sapatear e aos 6 tocar piano. Nunca consegui separar as artes, pra mim brincar era fazer espetáculos para toda família assistir!
Foi na faculdade de dança na Unicamp que descobri mesmo a fusão de linguagens e possibilidades de dialogar entre elas. Professores incríveis como Eusébio Lobo, Inaycira Falcão dos Santos, Dalgalarondo, Angela Nolf, Holly Carwel entre outros colaboraram demais com o despertar para que eu aprofundasse de fato em transitar de uma linguagem para outra é achar minha identidade. Com 17 anos iniciei meus estudos em saxofone tenor com Goyo Lima, e aí não parei mais de usar o SAX como um partiner melódico para o sapateado.

Como é ser a única mulher no mundo a tocar e sapatear ao mesmo tempo?

Na realidade sei que tem outro saxofonista que sapateia também, ele toca mais que sapateia. Eu quero que o mundo sapateie e faça arte! Pra mim, não muda nada, apenas quero compartilhar o que tenho de mais nobre que é minha arte com as pessoas ao meu redor. Espero que muito mais pessoas achem o que elas realmente acreditem e o façam com alegria e responsabilidade.

Qual a maior dificuldade de fazer as duas coisas simultaneamente?

Sem dúvida a respiração. Nossa, muito difícil e se não houver um controle da respiração para tocar SAX (diafragma) e pra sapatear, mais baixa, eu paro tudo e nem sei onde estou. E realmente muito maluco. Outro fator dificultaste é a coordenação motora. O SAX é um instrumento melódico, uma latão, desafinado, grande, pesado e que não é nada confortável pra dançar. Porém, como sou muito teimosa e sempre gostei de fazer coisas que me tirem da zona de conforto, fui aprendendo como lidar com ele na minha performance e hoje ela faz parte do meu corpo e extensão do meu movimento. Durante 40 anos artísticos, dançando, tocando, e 30 anos dando aula, compartilho a ideia de que movimento gera o som. Portanto é música pra se ver e dança pra se ouvir!

Como vê o cenário artístico atual do país?

Vejo que os brasileiros qudo se dispõe a estudar são incríveis. É má pena que muitos brasileiros acham sempre que os estrangeiros são melhores que os próprios brasileiros. Costumo dizer que existe te todo tipo de pessoa e profissional.
O que realmente preocupa é a falta de cultura e de acesso a ela. Antigamente todos sabiam quem era Tom Jobim, Chico Buarque, Cartola, entre outros. E hoje? O que aconteceu com nossa música? O problema é mais embaixo e muitos acham que ser artista tem que ter esteriótipos que a imprensa e mídia falam, e por aí vai. Mas sou teimosa e acredito sempre na coisa boa. Tem muita gente séria e fazendo arte neste país e levando o nome do Brasil lindamente por aí a fora! 



Qual a importância dos DVD's lançados em parceria com a Só Dança?

Extremamente importante e abriu mais portas ainda num momento em que viajei muito com um espetáculo que tinha "da Corda pro Pé" ao lado co contrabaixista Gilberto de Syllos. Em 2006 e 2007 foram anos marcantes e que apresentei sapateadores importantes para Só Dança onde a parceria entre todos nós está cada vez mais forte e abrindo muitos caminhos pra esta arte no Brasil e em mais de 40 países.

Quem são seus maiores mestres?

Desde minha mãe que é uma fonte de inspiração inesgotável, meu avô paterno que me apoiava muito com o sapateado, ele sapateava, auto didata, sem sapatos, mas amava e sempre sonhou que me tornasse uma sapateadora profissional. Meus pais sempre me incentivaram muito e meu pai sempre foi meu maior crítico.
Meus grandes mestres vieram de diferentes tribos. Desde minha primeira professora de sapateado, Gioconda Sabba, todos meus professores que passaram pela minha vida e sem dúvida mestres como Jimmy Slide, Dianne Walker, e músicos, atores que me pulsam. Grandes músicos como o pianista Oscar Peterson, saxofonista Michael Brecker, e o baixista Jaco Pastorius. A grande diva Bibi Ferreira, e obras musicais com legado que veio de Vinicius de Moraes e Tom Jobim

E seus maiores ídolos?

Peg Leg Bates. Pessoas que se superam de verdade!

Pra você dançar é: Minha vida, o ar que eu respiro. Alegria de viver!


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