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22/05/2014

Sapateado - Entrevista Exclusiva com a Marchina

Por falar em Sapateado, tive a oportunidade e a honra de fazer aulas de sapateado clássico com a Marchina - Professora, Coreógrafa e Bailarina Sapateadora, criou seu próprio Método de ensino de Sapateado Americano, profissão que a consagrou no âmbito artístico, não apenas no Brasil, mas também na Europa e Estados Unidos.
Em 1987 lança no mercado a apostila “Nomenclatura do Sapateado Americano” de sua própria autoria. Este contato com ela me trouxe, além de aprendizado da técnica e busca pela limpeza nos movimentos, a aproximação que rendeu nessa entrevista exclusiva ao Mundo Bailarinistico, onde ela ela fala um pouco dessa relação com o Sapateado. Obrigada Marchina!


O que você mais te encanta no sapateado?

O que mais me fascina no sapateado é a emoção que ele transmite pelos movimentos, pelos sons, pela força que ele representa e principalmente pela enorme diversificação de estilos e técnicas.

Como surgiu a ideia de criar seu próprio método?

A ideia surgiu pela necessidade em saber como ensinar. Quando aprendi sapateado, ele me foi apresentado como passos que faziam parte de coreografias, o que se pode chamar de Repertory. Como sou professora de Educação Física, sentia que precisava de um Processo Pedagógico, algo que me parecesse coerente para qualquer aprendizado do movimento. Do simples ao mais complexo. Assim, estudando e conhecendo diversas formas de ensino, e baseando-me no ensinamento do Ballet Clássico, onde cada passo tem uma sequencia lógica de aprendizado, criei o Método Marchina.

Atualmente como você vê o mercado de sapateado no Brasil?

Vejo que o mercado está mais aquecido, com muito mais pessoas interessadas em aprender a arte. Houve uma época em que as pessoas não tinham ideia da existência de profissionais que trabalhassem com o sapateado. Era uma coisa muito distante. Hoje, inúmeros profissionais se encarregam de divulgar o sapateado fazendo com que o interesse para o seu aprendizado também cresça. Mas ainda é um mercado muito difícil. Ao mesmo tempo que o Sapateado parece e é encantador, as pessoas tem uma ideia de que ele é muito difícil de se aprender, o que não é inteiramente verdade. Por esta razão também que criei o meu método : deixar o aprendizado mais natural e “fácil”.

Você acredita no aumento da prática e da valorização do sapateado no país?

Acredito no aumento da prática, pois tem sido uma coisa crescente. Quanto a valorização, assim como qualquer arte e principalmente dança no Brasil, é sempre muito complicado. Produtores se matam para conseguir apoio e patrocínio. Isso em geral, em qualquer segmento da arte. O sapateado tem menor visibilidade dificultando ainda mais. Pessoalmente, não creio que o sapateado é devidamente valorizado.

O que considera mais importante numa aula de sapateado?

Ter o ambiente propício para a sua prática, com piso adequado, boa acústica e espaço arejado e confortável. Fora o aspecto físico, é muito importante que o professor tenha conhecimento do que está transmitindo e procure sempre se atualizar. Hoje em dia tudo é muito mais fácil, graças a internet. Anos atrás, quando comecei a trabalhar com o sapateado, só conseguíamos “aprender” e nos aperfeiçoar indo direto a fonte. Professor dedicado é sinônimo de aulas diversificadas.

Na sua opinião, todos podem sapatear?

Desde que queiram, sim! Obviamente existem casos em que as pessoas tentam e acabam desistindo antes de conseguir algum resultado. Cada um tem seu tempo de aprendizado. Mas o sapateado é muito democrático, e cada um em seu tempo, consegue algum resultado. A maioria consegue sapatear o suficiente para se satisfazer. E o bom é que o desafio está sempre presente, mesmo para aqueles que conseguem grandes resultados.

O que é a dança pra você?

É uma forma de expressão, é entretenimento. Filosofando um pouco, é a relação direta com os deuses. Na verdade a música tem esta característica, e tudo que se utiliza dela, também vai usufruir desta dádiva. A dança é a motivação para deixar nossa alma leve e solta. A dança empolga e contagia. Mas depende demais da boa música. Muitas vezes gostamos ou não de determinada coreografia por causa da música. E o sapateado tem uma vantagem a mais: os sons que o sapateador reproduz. Neste caso o sapateador faz o ritmo através de seus pés, enquanto o corpo cria a melodia.
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