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12/12/2014

Musicalidade nas aulas de ballet

Ter conhecimentos de música é algo muito importante para um professor de ballet (bem como para bailarinos), afinal a gente (normalmente) dança uma música. Achei esse texto super legal sobre musicalidade. Espero que ajude vocês nas explicações e escolhas.



"Um conhecimento fundamental ajuda no processo de ensinamento de muitas maneiras; os quatro pontos mais básicos são:

1. Na comunicação com o pianista em terminologia musical em vez de terminologia de dança para que seu pedido não pareça uma coisa vaga em seu contexto.
2. Na prática tradicional alternando tempos lentos e rápidos para evitar a fadiga e o esgotamento do aluno (ronds de jambe par terre, seguidos de frappés, logo developpés-fondus).
3. Na combinação de movimentos realizados em um mesmo exercício com diferentes tempos de música (dos tendus em dois tempos cada um, alternados por exemplo por uma valsa). Isto ajudará o aluno a desenvolver seu ouvido e consequentemente seu rítmo.
4. Na escolha da música mais apropriada para o tempo de cada exercício e para sua complementação.

A boa escolha da música possibilitará que o aluno respire mais corretamente. O bailarino com tendência a acumular tensões (como segurar a respiração) pode normalmente melhorar sua habilidade técnica relacionando sua respiração com algum padrão ditado pela música. Esta prática muito provavelmente o ajudará a conseguir a coordenação necessária para girar e saltar mais facilmente assim como a entender as pausas e os tempos de ataque dos adágios e dos allegros, sejam eles os pequenos, médios ou grandes.
É importante que haja uma grande variedade de temas e de ritmos musicais. Isto obriga o estudante a escutar e a desenvolver um bom ouvido para a música. O professor deverá chamar à atenção de seus alunos para que estejam atentos às especificidades de cada peça musical e refleti-las em seus movimentos com precisão e inteligência.
Freqüentemente encontramos bailarinos que estão tão preocupados com as mecânicas do movimento que se tornam mesmo insensíveis à música. Os professores deverão detectar esta tendência e encontrar uma maneira de não incentivá-la. Quando se estiver mostrando uma combinação dentro da música requerida deve-se levar em conta o grau de dificuldade que os bailarinos enfrentarão. Um exercício complicado realizado com uma música complexa periga ficar além das possibilidades de compreensão dos alunos. Em uma aula de nível elementar, onde o aluno tem pouco controle muscular e ainda tem problemas com os princípios básicos de postura, en dehors, e coordenação corporal, é essencial a simplicidade da música. Esta mesma atitude deve ser mantida ao introduzir um novo passo na aula pela primeira vez.
Para o aluno conseguir executar o passo com a devida técnica e com a  musicalidade correta, a melodia e o ritmo devem ser claros, reconhecíveis com um tempo e uma velocidade que sejam realistas considerando a habilidade da turma. A música deve ser o suficientemente lenta para permitir que o bailarino tenha o tempo para preparar-se mentalmente antes da execução e um tempo depois para recobrar-se e seguir com a próxima combinação. Para um principiante, segurar uma posição por mais tempo lhe permitirá sentir seus músculos e assim, conseqüentemente ele estará a fortalecê- los.
Para todos os exercícios é bom ter uma clara e boa preparação musical que pode ser de dois ou quatro tempos musicais. Normalmente esta preparação indica o tempo e o ritmo do exercício para que os bailarinos possam se preparar mental  e fisicamente antes que seus corpos  comecem a se mover.
Alguns professores vêm abolindo esses acordes iniciais e o substituem por uma contagem regressiva que pode dar o tempo e pulsação para pianista e bailarinos e pode também provocar uma reação de concentração mais aguçada, pois a qualquer momento ele pode “atacar”… e todos devem se manter alertas.
Importante também que um exercício conclua musicalmente em uma maneira simples, sutil e identificável. Uma forte e marcada nota musical pede do bailarino uma segurança extra, uma pose final ou saída do centro com muita segurança. Isto deverá ser de vital importância mais à frente em cena e perante público.
Alguns professores muito freqüentemente se sentem frustrados pela falta de musicalidade de seus alunos. Lamentavelmente poucos são os bailarinos privilegiados que são natural e instintivamente musicais.

Pode-se incentivar os estudantes de dança a ser musicais das seguintes maneiras:

1. Se seus alunos estão fazendo uma combinação de uma maneira anti-musical, interrompa o exercício e peça-lhes que recomecem apontando aonde estão saindo da música e pedido-lhes que sejam mais conscientes e que se disciplinem a dançar na música e com a música.

2. Se ao repetir o exercício eles ainda estiverem fora da música, ajude-os simplificando o exercício seja técnica ou musicalmente (tempos mais lentos ou mais tempo entre um passo e outro).

3. Faça com que os mesmos fiquem parados escutando a música de olhos fechados e que tentem visualizar o exercício por conta própria.

4. É muito bom de vez em quando fazer pequenos “testes” perguntando informalmente a um aluno qual é a música que se está tocando (obviamente se for algo reconhecível) ou se ainda se lembram, da aula anterior de alguma melodia que se usou para uma determinada combinação. Se o exercício é em ¾, 2/4 ou 4/4, se é, por exemplo, uma  mazurka ou uma  valsa.

5. Sempre que possível troque a métrica de um determinado exercício e questione porque de repente sentiram mais  facilidade em  fazer ´, por exemplo os “Ballotés” em tempo de 6/8 que em 2/4.

6. Sempre que possível não grite por cima da música. Em determinados momentos a voz do professor pode chegar a ser um fator motivador para os estudantes trabalharem ao máximo de suas capacidades, entretanto é certo que se estão escutando o comando da voz do professor, muito dificilmente conseguirão se concentrar na música. Para alguns estudantes é melhor receber uma correção depois de haver terminado o exercício do que tentar escutar o que o  professor está gritando por cima da música. Esta é uma situação delicada, pois o aluno pode se perder totalmente não ouvindo a música e ao mesmo tempo não ouvindo nem entendendo o que o professor está a dizer. Um comando mal dado num momento equivocado pode tirá-lo de sua concentração, do ritmo, podendo até mesmo ser um fator de acidente.

7. Pergunte sempre se os alunos entenderam o exercício em relação com a música e no caso de dúvida mostre um ou dois compassos com acompanhamento musical e contando em voz alta. Tente provocar no aluno a verbalização dos passos entre as notas musicais e suas contagens, para que os movimentos a serem acentuados entre cada uma das notas sejam claros e precisos, sobretudo se as transições tiverem contagens específicas. Se estas não ficam claras a musicalidade pode se perder e aí será o caso de se dizer que o exercício (ou até mesmo professor) não são nada musicais.

8. Procure usar música que seja divertida, animada e inspiradora com preparações e finalizações fortes. Evite músicas pesadas e monótonas ou improvisações que podem parecer não ter motivação emocional ou forma musical. Todos concordamos que uma aula com música motivadora se torna mais leve para todos. A música saberá levar os alunos, através das seqüências que necessitem de mais força, de uma maneira mais divertida e não como se fosse uma tortura"

Fonte: maosqdancam
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