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29/04/2015

Entrevista exclusiva - Claudia Mota

Hoje, dia 29 de abril, dia internacional da dança, nosso presente para vocês é a entrevista exclusiva com a bailarina Claudia Mota.

Bailarina Principal do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, é formada pela Escola Estadual de Danças Maria Olenewa. Frequentou aulas no Le Jeune Ballet de France, Ópera de Zurique, Bèjart Ballet Lausanne, San Francisco Ballet e American Ballet Theatre. Trabalhou com Fernando Alonso, no Ballet de Camagüey, Cuba.

Aperfeiçoou-se no Ballet Dalal Achcar com Miriam Guimarães, Maria Luíza Noronha e Sergio Lobato. No Ballet do Theatro Municipal trabalhou com nomes importantes, como: Jean-Yves Lormeau, Elizabeth Platel, Gustavo Mollajoli, Boris Storojkov, Slawa Muchamedov, Dennis Gray, Richard Cragun, Tatjana Thierback, Eugenia Feodorova, Tatiana Leskova, Márcia Haydée, J. Slavick, Dalal Achcar, Vladimir Vassiliev e Nathalia Makarova, entre os mais importantes.
Dançou em todas as grandes montagens da Cia, interpretando os principais papéis.
Apontada como um dos maiores talentos dos últimos anos do Theatro Municipal do RJ e do país, foi agraciada com o Diploma de Melhores de 2005, na categoria Artes Cênicas ( ballet ), pela Sociedade Cultural Latino Americana, por seu reconhecimento técnico, sua versatilidade e grande potencial artístico.
Possui há 4 anos sua marca de artigos para dança, a BALLARE BY CLAUDIA MOTA. Atualmente inclui o quadro de grandes bailarinas do cenário mundial, sendo a única na América Latina a ser patrocinada pela marca de sapatilhas GAYNOR MINDEN, sendo assim, uma GAYNOR MINDEN ARTIST.

Quais suas principais lembranças de quando começou a dançar ballet?

R: Comecei a fazer aulas de ballet aos 4 anos de idade... me lembro de chegar em casa depois das aulas e continuar dançando na sala... rsrs... fazia poses de ballet e minha mãe fotografava... quando saía com ela dançava em qualquer lugar, até que uma vez derrubei uma pilha de latas de leite no mercado fazendo grand battement...

Em qual momento percebeu que o ballet seria sua profissão?

R: Quando fui com minha avó prestar exame pra ingressar na Escola Estadual de Danças Maria Olenewa e fui a única aprovada entre mais de cem crianças... me lembro do meu primeiro dia de aula, quando disse a ela que seria bailarina do Theatro Municipal... eu tinha 8 anos...

Conte como foi sua trajetória para frequentar aulas fora do país.

R: Foi natural. Depois de formada pela Escola com 16 anos, fui para Europa visitar uns amigos e lá tive a oportunidade de freqüentar aulas no Bejart Ballet, Zurique Ballet, Jeune Ballet de France e mais tarde, San Francisco Ballet e American Ballet Theatre, nesses dois últimos por indicações de Dalal Achcar e Natalia Makarova.

Qual ballet de repertório que você mais gostou de ter dançado e porque?

R: São muitos... pude me realizar em várias obras, como Lago, Onegin, Carmen, de Roland Petit, Bayadere, de Natalia Makarova, Serenade, de George Balanchine... e a minha grande paixão, Giselle...

Como é viver de ballet no Brasil?

R: Difícil... quase impossível se não fosse o amor e dedicação de seus artistas...
Sou uma privilegiada, mas nada que conquistei foi fácil... trabalhei muito e até hoje vivo de "provações"... tem que ter muita perseverança e determinação, sem contar com a falta de incentivo... nossa realidade é atrasada em todos os sentidos. Uma pena muito grande visto que cada vez mais estamos perdendo bailarinos talentosíssimos para cias do exterior. Uma pena...



Qual a sensação de ser a primeira bailarina do Theatro Municipal do RJ?



R: Sabe que raramente penso nesse título...? Claro que sempre tem algo ou alguém que me lembre, como essa pergunta, por exemplo... rsrsrs... fácil não é... a cobrança é muito maior e com ela vem as comparações sempre indevidas e descabíveis... as pessoas deveriam apreciar aquilo que aquela primeira bailarina tem a oferecer, seja pela técnica, pela arte ou pela particularidade, isso seria maravilhoso e nos ajudaria numa "competição" mais saudável. Mas, geralmente não é assim... é um posto muito almejado, me parece que não pelo reconhecimento ou valor, hoje em dia mais pelo status... isso me assusta e me entristece muito. Quando eu estou em cena não penso que sou a Primeira Bailarina, penso que estou ali fazendo o que mais amo, dançar e mostrar minha arte que vem do meu coração, não de uma página de jornal... a "mídia" é decorrência daquilo que vc faz, não temos como fugir da curiosidade do público e dos fãs que adquirimos, mas nunca colocarei isso como prioridade. Minha prioridade, como Primeira Bailarina, é deixar um legado do que mais aprecio, a arte de ser... não de estar... foi isso que aprendi, é disso que me alimento e é assim que me realizo.
Mas, apesar de tudo, um sonho que jamais imaginei realizar... chegar ao posto máximo não é chegar à perfeição, mas é saber que de alguma forma meu trabalho foi reconhecido e com isso continuo trabalhando, dia a dia. A honra de ser Primeira Bailarina no meu país e no Theatro aonde eu cresci e aprendi tudo o que sei, é a glória!

Como é sua alimentação?

R: Como de tudo e não tenho restrições alimentares, graças a Deus... rsrs...
Nunca tive problemas com peso, claro que quando estou em temporada procuro me alimentar melhor pra que o meu desempenho aeróbio e físico sejam os melhores possíveis, ainda mais quando o ballet me exige mais nessa parte.

Qual sua carga horária de trabalho?

R: Tenho aula pela manhã de 10:00 as 11:30 e um intervalo de meia hora. Depois começamos os ensaios de 12:00 as 16:00, completando uma carga horária de 6 horas diárias... isso durante a semana, quando também uso do Pilates e exercícios de fisioterapia para um melhor condicionamento físico. Quando estamos em temporada, entramos as 17:00 e saímos por volta das 23:00, com um dia na semana de folga.


Pra você dançar é:

R: Dançar é tudo na minha vida. Minha profissão, meu ganha pão, o ar que eu respiro, meu grande amor. Sem ela nada teria sentido. Vim a esse mundo pra ser bailarina e passarei o resto da minha vida envolvida nela, seja como bailarina atuante ou fora dos palcos. Deus me deu o melhor presente... o dom da dança.
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