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27/08/2015

O papel diário das mães de bailarinos - Por Maria Cristina Lopes

Relativizando posições e expectativas.

No meu aprendizado contínuo (e sem fim!) com a dança confirmei nos pais a figura indispensável de apoio e suporte. Principalmente as mães cumprem um papel fundamental. Sem elas quantos(as) bailarinos(as) não teriam sido descobertos(as)? Dedico este trecho principalmente a ela, mas implico também os pais nesta maravilhosa jornada dos(as) pequenos(as).

Inicio apontando a importância de começar o processo de compreender a individualidade de seu(sua) filho(a), com possibilidades e limitações próprias deste(a). Não cabe aqui passar pendências profissionais para as pequenas. Compreender que elas tem o seu tempo particular para brilhar é imprescindível. Outra tarefa árdua, mas necessária: aprender a separar suas ansiedades, pensamentos e expectativas revividas pelas suas experiências com a dança e a vivência distinta de seu(sua) filho(a). Quando isto não está claro eles(elas) percebem uma expectativa desproporcional dos pais ou mesmo a decepção por premiação abaixo do esperado. Obviamente a mãe do(a) bailarino(a) também experimenta grande ansiedade gerada por diversos fatores: incerteza, sintonia com os sentimentos do(a) filho(a), não ter domínio sobre a apresentação, etc. É preciso que a mãe aceite a incerteza sobre o que ocorre com o(a) filho(a), estando ali para auxiliar no que for possível, mas sem criar uma redoma sobre a criança motivado pela incerteza.

 À mãe cabe a felicidade por todas as conquistas e o incentivo positivo para que o(a) pequeno(a) conquiste ainda mais. Isto cabe também para as mães que não apreciam tanto a dança e até admitem que gostariam de outras realizações para os(a) filhos(a). Isto pode, é claro, ser verdade, mas incentivar os sonhos dos(as) pequenos(as) é necessário, pois o que eles(elas) aprendem é que os pais apreciam e reconhecem todas as individualidades dele(a), mesmo aquelas atividades que não prestigiam tanto.

A mãe do(a) bailarino(a) é aquela que não só permite seus sonhos acontecerem, mas luta por eles com todas as suas forças. Na minha experiência profissional aprendi uma coisa rapidamente: ser mãe de bailarino(a) não é fácil, mas é gratificante. Ver o(a) bailarino(a) dançar emociona todas as mães. Mas esta também precisa estar sempre aprendendo novas habilidades: ela está continuamente aprendendo a ser mãe de bailarino(a). A habilidade principal é disponibilidade: para aprender, para se envolver, para abraçar quando não souber o que dizer, enfim: é o “estar presente” mesmo nos tempos mais difíceis. O segundo, uma habilidade não rara e muito simples: desejar que eles(elas) alcancem seus sonhos.  Por fim: saber lidar com situações frustrantes: esta é uma habilidade importantíssima.

Algumas mães preferem fugir destas situações, acreditando que assim, estará protegendo os filhos. Elas se enganam. Situações frustrantes são inerentes à vida. Ao invés de fugir, devemos aprender a lidar com estas situações. Para lidar com a frustração há diversas maneiras, mas algumas são menos adaptativas e construtivas. Ou seja, quando a mãe utiliza-se da negação - por exemplo: “o resultado não foi justo, você estava muito melhor”, “a coreografia é que não estava tão boa quanto a de fulano, se não você teria ganho”, etc. – o(a) bailarino(a) não aprende nada com a sua experiência, ou melhor, aprende a responsabilizar o outro, e a nunca procurar compreender o que poderia fazer, afinal, de diferente.

Portanto, a melhor forma de lidar com a frustração é incentivá-lo(a) e ajudá-lo(a) a encontrar saídas para que ele(ela) atinja seus objetivos. No dia da premiação ele precisa estar seguro de seu valor, portanto, parabenizar, independente do resultado é importantíssimo. Lembremos que a premiação é apenas uma das motivações: parabenizar pela sua performance, pela sua coragem, pela sua independência, ou até mesmo quando houver alguma interferência: já vi apresentações em que uma das sapatilhas de ponta da bailarina saiu e ela continuou dançando. No fim sua mãe a parabenizou por não ter se deixado abalar e ter dançado até o fim com um sorriso no rosto. Desta maneira, a menina está segura quanto a seu valor – aprende a sempre procurar um aprendizado positivo – e afinal fazer uma mudança objetiva – costurar um novo elástico na sapatilha!

Maria Cristina Lopes
Psicóloga da dança CRP 5/47829
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