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16/01/2017

Entrevista Liana Vasconcelos

Bailarina formada pela Escola Estadual de Dança Maria Olenewa (Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro) e pela Royal Academy of Dance, de Londres. Ganhou, em 2009, o prêmio de melhor bailarina no Seminário de Dança de Brasília e foi agraciada com uma bolsa de estudos para o Conservatório de Dança de Viena.

Pertenceu à Cia. Jovem de Ballet do RJ e à São Paulo Companhia de Dança. Fez parte do elenco da novela “Gabriela”, da Rede Globo de televisão como bailarina/atriz.

Foi contratada pela São Paulo Companhia de Dança, como Pesquisadora, para elaborar duzentos verbetes relativos à dança no Rio de Janeiro, para a enciclopédia online “Dança em Rede”.

Foi bailarina-intérprete e produtora, junto ao diretor Thiago Saldanha e a coreógrafa Regina Miranda, do projeto “Corpo da Cidade”, uma experimentação em vídeodança que busca dialogar o corpo dançante da bailarina clássica com as transformações urbanas que a cidade do Rio de Janeiro vem sofrendo.

Foi laureada com o Troféu Fendafor de Responsabilidade Cultural em 2014, em Fortaleza.
É bailarina e produtora do Duo Cello e Movimento, juntamente com o violoncelista Mateus Ceccato. A ideia do duo é apresentar como o corpo da bailarina se movimenta em interação com os movimentos do músico e a sonoridade do instrumento, já tendo se apresentado em diversos festivais de dança e música pelo país.

Liana é bacharel em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense, com a monografia “Memória da Dança: Importância, Registro, Preservação e Legado”.
Atualmente, cursa o Mestrado em Memória e Acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa, com o projeto de Criação do Museu da Dança no Brasil.

É bailarina contratada do Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro desde 2014, dançando grandes ballets como “O Quebra-Nozes”, “O Lago dos Cisnes”, “La Bayadere”, “Coppelia”, entre outros.


1) Como a dança surgiu em sua vida e em que momento percebeu que permaneceria?

Em pequena, eu morava perto de uma escola de dança no Rio de Janeiro, a Corpus Escola de Dança, e sempre via as meninas passarem de coque e tutu rosa lá perto de casa e achava o máximo. Então com três aninhos eu pedi a minha mãe para me colocar no Ballet. Comecei no Ballet e depois entrei no Sapateado, Ballet Moderno, Contemporâneo... já na infância minha vida era a dança.

  Mas com uns onze anos eu já tinha a certeza de que era a dança que eu queria como carreira mesmo. Então, com doze, fiz prova para a Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, da Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e entrei para o segundo ano Básico. Cursei sete anos da escola e me formei em 2008. Paralelamente também sou formada pelo método inglês da Royal Academy of Dance de Londres.

2) Qual a importância você atribui à escolas como Escola Estadual de Dança Maria Olenewa para um Estado? 

  É de fundamental importância para a formação cultural local e nacional. A Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, por exemplo, é o grande celeiro de bailarinos clássicos, não só para o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, mas como também para companhias de dança de outros estados e do exterior. Escolas públicas de formação em arte são um importante investimento público de formação de cidadãos conscientes de sua cultura e identidade, mesmo que estes não sigam propriamente a arte como carreira no futuro.
Sou a favor de que cada estado tenha pelo menos uma escola pública de formação em dança. Seria um enorme passo para o campo da dança brasileira.

3) Cite o momento que considera o mais inesquecível em sua vida bailarinística até agora e nos fale o por quê.

É difícil citar somente um. Vou precisar citar pelo menos três momentos:
-A primeira vez que eu ganhei medalha de ouro no Concurso do CBDD, dançando pela Escola Estadual de Dança Maria Olenewa a variação do Ballet Paquita, ensaiada pela professora Betinha Alexandre no ano de 2008. Foi um marco na minha vida enquanto aluna da escola. Inesquecível!

-Quando ganhei o prêmio de melhor bailarina do Seminário Internacional de Dança de Brasília em 2009 e também um bolsa de estudos para o Conservatório de Dança de Viena, na Áustria. Foi assim que fui dançar pela primeira vez na Europa, em 2010.

-Quando dancei o meu primeiro papel como solista do Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi em 2015, no Ballet "O Messias" de Mauricio Wainrot, dançando um Pas de deux com o bailarino Cícero Gomes. Foi inesquecível: dançar como solista no teatro que eu mais amo e com um bailarino que tenho total admiração como amigo e como profissional.

4) Conte-nos um pouco sobre a sua formação na faculdade e a relação que ela teve com a sua formação como bailarina.
Eu sou formada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense- UFF. Mesmo sendo a parte artística da dança a grande força motriz da minha vida, eu também gosto muito da parte acadêmica. Sou apaixonada por arte e cultura. Então decidi cursar Produção Cultural, para ter um conhecimento maior sobre cultura e também sobre gestão cultural. Minha monografia foi sobre a memória da dança no Brasil, uma linha de pesquisa que eu amo.

 Acabei dando continuidade nessa linha de pesquisa no Mestrado que estou cursando atualmente, na Casa de Rui Barbosa. Meu projeto é defender a criação de um Museu da Dança no Brasil, uma instituição mais do que necessária para a valorização da memória desta arte no país.

Tanto a minha formação na graduação quanto agora a do Mestrado, contribuíram significativamente para a minha atuação enquanto bailarina, não só proporcionando um conhecimento maior na parte teórica e histórica da dança, como também me possibilitando uma visão mais global de como funciona o campo cultural em cada um de seus setores. Além, é claro, de ampliar a minha visão de mundo, o que é fundamental para qualquer artista!

5) Daria dicas para nossos leitores que querem viver de dança, ou de alguma atividade cultural?
Já começo dizendo que não é fácil. Infelizmente, o campo da arte e da cultura no Brasil dispõe de pouco investimento e iniciativa. Mas cabe a todos nós, artistas e produtores da dança, lutarmos por melhorias no nosso campo de trabalho.

Eu tive o privilégio de contar com a ajuda dos meus pais, grandes apoiadores do meu sonho de ser bailarina, até conseguir a minha independência financeira. Mas sei que em geral, não é fácil. Entretanto, acredito que todo sacrifício é válido na luta por um grande sonho. E as oportunidades sempre aparecem para aqueles que amam o que fazem!



Então, se alguém quiser ser bailarino MESMO, é só se entregar de corpo e alma nessa carreira, que um dia os aplausos chegarão! E nunca esquecer que conhecimento, técnico e teórico, nunca é demais! Quanto mais melhor!!!

6) Para você dançar é:

Meu alimento, meu movimento, meu pensamento...minha VIDA!


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